Embora não faça mais parte ativamente do conselho de administração da marca, após se aposentar da função em 2014, Nicolas é dono de 5,7% da empresa. De acordo com a imprensa internacional, em 2010, a LVMH tentou assumir o controle da empresa, mas os herdeiros da família fundadora decidiram criar uma holding para bloquear a aquisição. Puech foi o único que não aderiu, mantendo as suas ações.
Como resultado, o idoso tem uma fortuna estimada entre 9 e 10 bilhões de francos suíços (9,5 e 10,6 bilhões de euros ou cerca de R$ 56 bilhões), sendo um dos homens mais ricos da Suíça, de acordo com a revista Bilan. Segundo o site El País, atualmente, ele reside em uma luxuosa mansão em La Fouly, município com apenas 66 habitantes.
E é todo esse patrimônio que ele está pretendendo deixar para seu ex-jardineiro, um homem de 51 anos “de uma modesta família marroquina”, cujo nome não foi revelado.
Em 1º de dezembro, a mídia suíça noticiou que, por causa da sua idade avançada e a falta de filhos, o magnata teria enviado uma carta ao seu advogado em outubro do ano passado para colocar sua situação sucessória em ordem. Na missão, Nicolas pediu a adoção ao jardineiro, que é casado com uma espanhola e pai de dois filhos.
“Na Suíça, adotar um adulto não é impossível, mas é incomum”, pontual o jornal Tribune de Genéve. Segundo o El País, o processo ainda está em andamento, mas, se for bem-sucedido, o beneficiário poderá herdar “pelo menos metade” da fortuna de Peuch.
Porém, Puech teria assinado um acordo de sucessão em 2011 com a Fundação Isócrates, com sede em Genebra, para doar a sua fortuna à instituição após a sua morte. No entanto, numa nota manuscrita datada de fevereiro de 2023, revista pelo diário suíço, o bilionário “mudou de rumo” e explicou que “pretende fazer outros arranjos testamentários”, sem especificar as razões da sua mudança de opinião.
À agência de notícias AFP, a fundação disse ter acabado de tomar conhecimento da vontade do seu antigo presidente de anular o acordo de sucessão, mas desconhece qualquer acordo alternativo.
Depois de tomar conhecimento da decisão, em uma entrevista coletiva à imprensa suíça, o secretário-geral da fundação, Nicolas Borsinger, referiu-se à situação como uma “anulação repentina e unilateral de um acordo de sucessão, feita através de um ato que deve ser considerado nulo e sem efeito”.
“A fundação lamenta que ‘as suas atividades para o bem público’ estejam ‘ameaçadas na sua sustentabilidade’ por circunstâncias ‘que estão completamente fora do seu controle”, disse.
Enquanto o caso toma repercussão mundial, o suposto jardineiro permanece em silêncio e anônimo. De acordo com números publicados pelo jornal italiano Corriere della Sera, ele conseguirá arrecadar cerca de 40 milhões de euros por ano apenas em dividendos.