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Macron dissolve Assembleia Nacional e antecipa eleições após derrota em votação do Parlamento Europeu

O presidente da França, Emmanuel Macron, convocou eleições legislativas antecipadas para os dias 30 de junho e 7 de julho, após a vitória da extrema direita na eleição para o Parlamento Europeu.

“Não poderia continuar ignorando a situação ao final deste dia. Soma-se a isso a febre que contamina o debate público e parlamentar em nosso país”, declarou Macron em um discurso televisionado do Palácio do Eliseu. “Por isso, após as consultas prévias do artigo 12 da nossa Constituição, decidi devolver a palavra ao nosso futuro parlamentar por meio do voto”, acrescentou. “Dentro de instantes, assinarei o decreto de convocação das eleições legislativas, cujo primeiro turno será em 30 de junho e o segundo turno em 7 de julho”, continuou o presidente, qualificando o “crescimento dos nacionalistas e demagogos” como “perigoso”. O partido de extrema direita Rassemblement National (RN, Reunião Nacional) obteve quase um terço dos votos na eleição, bem à frente da aliança centrista de Emmanuel Macron, segundo estimativas. Jordan Bardella, de 28 anos, conquistou entre 31,5% e 32,4% dos votos, comparado aos 15,1% de Valérie Hayer, do partido no poder, e aos 14% a 14,3% do socialista Raphaël Glucksmann, segundo estimativas das instituições Ifop e Ipsos.

Se os resultados se confirmarem, o líder do RN, Jordan Bardella, alcançará os melhores resultados da França em uma eleição europeia nos últimos 40 anos, pressionando o governo de Macron. As novas eleições ocorrerão apenas dois anos após as de junho de 2022, quando o partido de Macron, Renascimento, perdeu a maioria absoluta que possuía na legislatura de 2017 a 2022, o que criou dificuldades para o governo em buscar parceiros parlamentares para aprovar suas reformas. Um exemplo foi a controversa reforma previdenciária, aprovada no ano passado sem votação na Assembleia Nacional. Antes do anúncio de Macron, Jordan Bardella havia instado o presidente a convocar eleições legislativas antecipadas após a “retumbante derrota” do partido no poder. “O presidente não pode ignorar a mensagem” enviada por esse resultado, disse Bardella, pedindo “solenemente” a Macron que convocasse eleições antecipadas na França. O Reconquête (extrema direita) e os ecologistas da EELV estão em torno de 5%, o limite para obter representação eleitoral. A soma do RN e do Reconquête significa que a extrema direita se aproxima de 40% dos votos na França.

A vitória de Bardella foi um duro golpe para Macron e seu primeiro-ministro, Gabriel Attal, que se envolveram intensamente no final da campanha para frear a extrema direita, que, segundo Macron, poderia “bloquear” a UE. O resultado do RN, um dos melhores de sua história, confirma os esforços de sua líder Marine Le Pen para dar uma imagem mais moderada ao partido que herdou em 2018 de seu pai, Jean-Marie Le Pen. Macron venceu Marine Le Pen no segundo turno das eleições presidenciais francesas com 66,1% dos votos em 2017 e com 58,54% em 2022, mas em 2022 perdeu a maioria absoluta no Parlamento francês, enquanto o RN se tornou o principal partido da oposição.

Fonte: Jovem Pan

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