A morte do Papa Francisco, na segunda-feira, 21 de abril, Pós-Páscoa, foi um acontecimento repleto não só de simbolismo, mas também veio carregado de especulações e palpites, desde os requisitados até os mais inoportunos.
Contudo, mesmo após sua passagem, Francisco ainda vem, como foi durante todo o seu pontificado, sendo usado pela mídia como uma “nova cara para o catolicismo”. É claro que o mais alto cargo (e encargo) da Igreja Católica viria com seus ônus, mas é de assustar até os mais céticos o quanto a imagem do falecido papa fora manipulada a bel prazer daqueles que o fizeram.
Como bem característico aos tempos que vivemos, Papa Francisco teve imputados a si os mais diversos rótulos. Seus posicionamentos foram criticados, questionados, ridicularizados e invalidados em inúmeras situações, a depender dos interesses do ilustre palpiteiro que o fizesse. E exemplos não faltam!
Ao dizer que os homossexuais deveriam ser abençoados, Francisco era progressista.
Ao afirmar que não há espaço para as mulheres no clero, Francisco era machista.
Ao defender a vida e criticar a ideologia de gênero, Francisco era retrógrado.
Ao dialogar com líderes de nações alinhadas à esquerda, Francisco era comunista.
A imagem de um Papa moderado, preocupado com os mais vulneráveis e compreensivo com as mudanças da sociedade agradava (e muito) a mídia, assim como os setores mais progressistas da sociedade, pelo mundo todo. Aquele que somente busca informações nos grandes veículos de comunicação teria diante de si, nas manchetes, um papa com falas revolucionárias, quebrando com aquela imagem quase medieval de uma Igreja Católica repleta de ouro, luxo e pompa. Contudo, este mesmo indivíduo, mal informado, por sinal, não soube dos posicionamentos duros de Francisco em defesa da vida, de sua crítica severa às ideologias que confundem e envenenam a mente dos jovens e da sua abordagem sobre o mal. A artimanha da mídia, em mostrar apenas o conveniente para a sua narrativa, foi tão eficaz que vi com meus próprios olhos, católicos postando, nas redes: “já foi tarde”.
Cada época, cada tempo, tem o Papa que precisa. Francisco foi símbolo de união, compaixão e amor ao próximo, e o demonstrou diante do mundo todo quando, durante a pandemia, foi como um faixo de luz, em meio à escuridão. Quando durante um período de medo e incerteza, orou pela humanidade. Por todos aqueles que hoje, inclusive, comemoram sua morte.