Comemorações destacam trajetória da emissora, mas omitem envolvimento com o regime autoritário; especialistas e críticos apontam ausência como apagamento histórico.
Em abril de 2025, a TV Globo celebra seus 60 anos com uma série de homenagens e conteúdos especiais que exaltaram sua trajetória como a maior emissora do país. No entanto, as comemorações evitaram abordar um dos capítulos mais controversos de sua história: o apoio ao golpe militar de 1964 e a relação próxima com o regime que governou o Brasil por 21 anos.
Apesar de a emissora ter reconhecido em 2013, por meio de editorial publicado no jornal O Globo, que o apoio ao golpe foi um “erro” motivado por temores da época, as celebrações atuais não retomaram essa autocrítica. Críticos apontam que a ausência de referências ao período autoritário nas comemorações representa uma tentativa de reescrever a história e evitar o enfrentamento de seu passado.
A relação da Globo com o regime militar incluiu benefícios como concessões de canais e apoio institucional, além de uma cobertura jornalística que, por vezes, omitiu ou minimizou a repressão política. Documentos e relatos históricos indicam que a emissora colaborou com a censura e promoveu uma visão alinhada aos interesses do governo militar.
Especialistas em comunicação e história destacam a importância de reconhecer e discutir o papel da mídia durante períodos autoritários. A omissão da Globo em suas comemorações de 60 anos é vista por muitos como uma oportunidade perdida de promover uma reflexão crítica sobre sua atuação no passado e seu impacto na sociedade brasileira.
A ausência de menções ao apoio à ditadura nas celebrações da emissora levanta questões sobre a responsabilidade da mídia na construção da memória coletiva e na promoção da democracia. Enquanto a Globo celebra suas conquistas, críticos e estudiosos continuam a cobrar um posicionamento mais transparente e autocrítico sobre seu papel durante um dos períodos mais sombrios da história do Brasil.
Fonte: Extra/ Folha de S. Paulo