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Refém do Cartaz

Reprodução

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A chegada de Carlo Ancelotti à Seleção Brasileira, anunciada de forma precipitada e teatral pela CBF, escancarou mais uma vez o abismo entre a grandeza da nossa camisa amarela e a condução institucional que a cerca. O vídeo de anúncio — cafona, desproporcional e digno de uma ação publicitária mal planejada — contrasta com a história da única pentacampeã mundial.

Ancelotti tem currículo invejável, isso é indiscutível. Onde passou, venceu. Mas sua contratação soa mais como uma tentativa desesperada de impor ordem na casa e apagar os inúmeros incêndios extracampo do que como uma convicção técnica. Viramos reféns de um nome de peso para dar uma resposta rápida à crise e resgatar uma autoridade que deveria estar enraizada no comando da CBF, não terceirizada a um estrangeiro — por melhor que ele seja.

O salário? Ancelotti merece pelo que representa no futebol mundial, mas é difícil ignorar o contraste com o momento atual da Seleção e do próprio futebol brasileiro. Clubes em crise, categorias de base fragilizadas, e uma identidade tática que ainda busca rumo. A conta não fecha, mesmo para um otimista.

Temos chance de conquistar o hexa? Claro que temos. A camisa ainda pesa, o talento ainda brota, e o torcedor — mesmo machucado — vai sempre sonhar. Mas a empolgação para os primeiros jogos das Eliminatórias está longe do ideal. É preciso mais do que nome, é preciso jogo. E como em todo bom futebol, um pouco de sorte.

Se vencer os dois primeiros jogos, Ancelotti terá o tempo e a tranquilidade que precisa para mostrar seu trabalho. Se tropeçar, o peso da camisa vai cobrar — e talvez o brilho da estrela europeia não seja suficiente.

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