O presidente da Guiana, Irfaan Ali, manifestou neste sábado, 9, disposição para dialogar sobre Essequibo, uma região atualmente controlada pela Guiana, mas reivindicada pela Venezuela. A declaração de Ali ocorreu pouco após o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, adotar um tom mais conciliatório, afirmando a necessidade de “sentar e conversar” com a Guiana, marcando uma mudança significativa desde o referendo de anexação realizado no domingo, 3.
Ali destacou que a Corte Internacional de Justiça decidirá sobre a controvérsia na fronteira entre os dois países e enfatizou que não se opõe a conversas e reuniões, desde que realizadas por “pessoas responsáveis”.
Essa mudança de tom em ambos os lados coincidiu com uma ligação telefônica entre Maduro e o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo dia. Durante a conversa, Lula solicitou o diálogo entre os países sul-americanos, expressando sua preocupação e atuando como intermediador, uma mediação aguardada ao longo da semana. Segundo o Itamaraty, o petista transmitiu a crescente preocupação dos países da América do Sul sobre a questão do Essequibo, destacando que a América Latina é “uma região de paz”.
A chancelaria venezuelana divulgou um texto no qual afirma que “Maduro manteve conversas telefônicas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, nas quais fez a proposta de realizar uma reunião de alto nível com a República Cooperativa da Guiana, que será anunciada nos próximos dias”.
Por mais de um século, Venezuela e Guiana disputam o território de Essequibo, na América do Sul. Sob controle guianense desde o fim do século 19, a região abriga 125 mil pessoas. Ambos os países reivindicam direitos baseados em documentos internacionais. A Guiana sustenta sua propriedade com base em um laudo de 1899, emitido em Paris, que estabeleceu as fronteiras atuais quando a Guiana era um território britânico.
A Venezuela alega a posse com base em um acordo de 1966 com o Reino Unido, antes da independência da Guiana, anulando o laudo arbitral e estabelecendo bases para uma solução negociada.
*Com informações da AFP