“O procedimento representa um marco importante na tentativa de fornecer órgãos mais facilmente disponíveis aos pacientes”, acrescentou em comunicado. Rins de porco já foram transplantados em pessoas com morte cerebral e funcionaram. No passado, pacientes vivos também receberam transplante de coração de um porco geneticamente modificado, mas morreram.
O campo dos xenoenxertos (transplantes de órgãos de animais para humanos) avançou rapidamente nos últimos anos. Em setembro de 2021, cirurgiões do Hospital Langone, em Nova York, realizaram o primeiro transplante de rim de porco do mundo em uma pessoa com morte cerebral. O rim foi fornecido pela empresa eGenesis.
Os médicos “me explicaram detalhadamente os prós e os contras do procedimento”, disse o paciente, Richard Slayman, da cidade de Weymouth, em Massachusetts, citado no comunicado. “Vi isso como uma forma não só de me ajudar, mas também de dar esperança a milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver”, acrescentou. Deve poder deixar o hospital “em breve”, diz o comunicado. O paciente já havia recebido um transplante de rim humano, mas isso não o impediu de retomar a diálise a partir de maio de 2023. Mais de 100 mil pessoas aguardam um transplante de órgão nos Estados Unidos, especialmente um rim.
“Nossa esperança é que este método de transplante ofereça uma salvação para milhões de pacientes em todo o mundo que sofrem de insuficiência renal”, disse o doutor Tatsuo Kawai, membro da equipe que realizou a operação. Os xenoenxertos representam um desafio porque o sistema imunológico do receptor tende a atacar o órgão estranho. As modificações genéticas são realizadas para reduzir o risco de rejeição: eliminam alguns genes suínos e acrescentam genes humanos por meio da tecnologia CRISPR.
Os cientistas também realizaram uma “inativação do retrovírus” do porco para eliminar o risco de infecção após o transplante, explica o comunicado. “O sucesso deste transplante é o resultado dos esforços de milhares de cientistas e médicos ao longo de décadas”, disse Tatsuo Kawai, cirurgião do Hospital Geral de Massachusetts.
*Com informações da AFP