Confesso a você, leitor, que eu nunca rezei o Rosário inteiro. E digo mais, rezar todos os dias o terço já é algo que exige de mim uma disciplina quase sobrenatural, rastejante que ainda estou na minha fé (e como provavelmente seguirei até o fim dos meus dias). Contudo, a beleza da religião está na prática diária e busca constante de melhora, sem esperar nada em troca, ciente das próprias limitações e misérias.
Após este mea culpa sincero, não posso deixar de manifestar a minha admiração pelo trabalho de evangelização que o Frei Gilson tem realizado. E não somente, também demonstrar a minha satisfação em presenciar, mesmo que pelas redes, a esquizofrenia daqueles que dizem defender o amor e a justiça social, mas que atacam o pobre sacerdote por (pasmem!) convocar a população para rezar de madrugada.
Com franqueza, simplicidade e a mais pura devoção, Frei Gilson tem arrastado, ou melhor, acordado multidões para, junto dele, rezarem o Santo Rosário, às 04h da manhã, durante a quaresma. Este período de preparação para a Páscoa de Jesus Cristo, dentre os católicos, é um momento de grande reflexão e introspecção, e não apenas de abdicação de doces ou refrigerantes. As lives da madrugada, promovidas pelo modesto Frei, mais do que aproximando milhões de pessoas da religião, têm incomodado de forma cômica a esquerda militante, e gerado um alvoroço digno das mais renomadas universidades brasileiras. Afinal, convenhamos: se o Brasil, hoje, é medalha de ouro em alguma coisa, é em formar reprodutores de ladainha ideológica e sinalizadores de (falsas) virtudes.
O mais espantoso é a indignação dessa parcela barulhenta da população com posicionamentos do Frei que não deveriam ser surpresa alguma para aqueles que são, no mínimo, cientes do que prega a Igreja Católica e, consequentemente, seu corpo e seguidores. Submissão no casamento e posições anticomunistas então entre as “regrinhas” mais básicas da fé católica, nada tendo de relação com um possível posicionamento político deste ou daquele religioso. A igreja está muito acima disso, e quem ainda não entendeu isso, vai continuar rotulando tudo e todos como comunista ou “didireita” a torto e a direito, sem que isso signifique, na prática, absolutamente nada.
A caricatura de um Jesus hippie e revolucionário é uma ideia moderna e criada para adequar uma religião que é milenar a valores de uma geração que busca mais prazeres e menos deveres. Uma geração hipersensível que quando tem seus ideais confrontados, se descabela, grita e clama pela destruição de pilares que vêm sustentando a nossa sociedade desde os primórdios. Você, leitor, com certeza já se deparou com frases como “pelo fim do capitalismo!” ou “abaixo ao patriarcado”, sem nem ao menos precisar abrir o Manifesto Comunista. Muito provavelmente, aqueles que gritam esse tipo de engodo, também não o fizeram.
Apesar de toda a lamúria progressista, o sucesso das lives do Frei vem trazendo o conforto de que a Igreja, junto de seus valores, se mantém firme e vem crescendo, alheia às mudanças da sociedade que contrariam seus princípios e dogmas. Afinal, como traz a seguinte frase que não me recordo quem disse, mas me marcou e cabe a sua aplicação neste momento: aquele que se casa com uma geração, fica viúvo na próxima.